Andaduras …tenras e maduras

 

 antes do natal novo

agendamos 

ali ao relento …

[debaixo da tristeza

de um céu]

uma expedição

até ao começo do arco-íris

 

eu sabia da verdade

 as ilusões aparecem mágicas

aos olhos desidratados e inocentes …

de quem vê o mundo

com o coração límpido

 

mesmos assim

lá fomos …

ficamos encharcados

descemos aquela montanha

subimos aquele antigo vale

 e quando parecíamos estarmos tão perto

o arco foi desaparecendo ….

 

mas valeu apena

pelas nossas rizadas

pelas paisagens

 pelas peripécias da nossa viagem

 

por termos chegados

são e salvos  

ao ponto de partida  

sem nos termos magoado

 

contigo

o melhor do caminho é a companhia durante o caminho…

 

 

a meta [á vezes]

 é uma treta

 cessa a jornada 

finda a linha

fecha a capa

 

amanha vamos tentar tocar no horizonte …

ou melhor

vamos salvar a lua de se afogar naquele jardim junto ao mar …

 

Espinhococósorriso

 

esta tarde

 cometi um pecado

colhi uma rosa de um jardim

 

a roseira do jardim não era minha

mas o amor por ti 

sim

 

não foi fácil a colheita

escorrei no cocó de cão

sujei o calção

encontrei um espinho

assanhado

ao primeiro contacto

com esta flor

 

o resultado foi destruidor

desde a picada do dedo 

ao cheiro a rosas cariadas

 

espero ter

assaltado um sorriso da tua face

ou uma gargalhadeada

Adejos futuros

 

 Aproximas-te

Cada vez mais

Das extremidades do ninho

 

Um dia

Chegará o dia

E deixarás os galhos

Os nossos braços  

 

Traçaras um novo caminho

Longe dos nossos olhares

Avoaçando novos passos

Todo o brilho… antes de ser sorriso… nasce nos teus olhos

 

contrariaste o mundo

assim que nasceste

mostraste-me

o mundo plano

através dos teus  

pequenos passos

 

ensinaste-me a nobreza 

das coisas simples 

 na urgência plena

de extinguir qualquer

tipo de tristeza

que nascesse

no céu

dos teus

lindos olhos

Rochas frágeis a 276 km de distância

 

cheguei-te 

mareando um sentimento

do tamanho de um oceano

 

chegas-te

 com um coração de ouro

 fossilizado

pela rochosa 

inércia

de um tempo

descaminhado

 

 estávamos longe

 tão perto dos  penhascos

de uma desesperança

 tamanha...

 

...nas areias indefinidas

de um mar

chorado

nos olhos 

e nos

rochedos

de um peito 

nosso

 

o que aconteceu …?

Dois fios de água não podem afundar um sorriso

 

o pai tentou

  ensinar-te

a ser gente

com o coração

no sítio

longe do nosso

umbigo

 

aprendemos os dois

a chorar de alegria

 

contigo

comigo

inventamos o monstro dos abraços 

o monstro das cocegas

o cientista das piadas parvas …

o homem das barbas postiças

 

porem

não evitei

 que chegassem

as tristes

 lágrimas

á tua face

 

 amo-te meu amor

Um poema de sangue

 

junta-se á sangria do afeto

o dever cívico de um gesto

 

e sangramos respeito

perante o espectro

de uma criança

Enleados nos ramos de um abraço

 

raízes

observáveis

da alma

quando o nosso

 amor

em fruto

desabrocha 

tenros

sorrisos

docemente

vigorosos

Quando a meta é feita de um menino abraço

os regressos acolhidos

por um abraço

renovam a nossa bondade

depois de mais uma viagem

de muitas horas

pisadas

 

mesmo que o caminho seja interrompido

sabemos que o nosso destino

tem a direção certa do coração

A luz ultravialetra

 

                                                           A caminhar pela antiga Atlântida.

a verdade certa

não está escrita na testa

mas tenho a impressão

que o seu primeiro paragrafo

começa no coração …

e não se apaga

como  

as vozes

físicas 

das estrelas …

Os passos perderam o riso

 

nem sempre

se chega

ao fim da linha 

[pretendida]

na vida

de uma corrida

 

apesar das 7 dezenas de milhas

percorridas

o corpo enfraqueceu a mente

 

desistir

não

é fácil

quando a meta

mexe com o a coração

e está logo ali

atrás daquela 

serra

 

era só seguir as setas

do caminho

morrer e ressuscitar

as vezes que fossem

preciso

e chegar

com o dever comprido