quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

O Cordão do coração que alimenta o vulcão adormecido

 




a pedra

a lava

o fogo

a chama

a fagulha

o acesso beijo

este é

o caminho

inverso

 

nos escombros do corpo

todos os caminhos

vão dar ao íntimo

 

 

sou o rio

o lago

que deságua

na tua alma

de imperatriz

 

sou

uma espécie de giz

que escreve

no mesmo sítio

o nome

do lugar

mais bonito

o nosso umbigo fora

do sítio

mais acima da barriga

no lado esquerdo

do peito

abaixo do olhar

imperfeito

sem o reflexo do teu

por perto


quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Janelas do fundo

 





 

Não tenhas pressa

De abrires as janelas

 

Como te posso

Explicar 

De forma

Pura 

A verdade

 

Existem vários mundos lá fora

Existe o mundo da natureza ´

 E o mundo em metades…dos seres

Possuem partes desumanas e humanas 

 

O mundo natura

Dorme como tu

Quando as luzes se apagam

E a acorda

Quando

Se acende

A luz do céu

 

O mundo dos seres binários   

Lá fora

Trava lutas

Egoístas

E depois enviam a culpa

Em forma de raiva

Em nossa direção

 

 

Metade desse mundo dos homens

Está de luto

A outra parte

Não se incomoda

Ergue-se e se ensombra

Quer ser maior que o sol

 

Como te posso

Explicar 

De forma

Pura 

A verdade

 

Tem cuidado

Quando abrires

 As janelas do coração

Não abdiques da liberdade de amar

Só por que tens medo da solidão

Vai atrás dos teus sonhos

E recorda o que o pai te disse

 Nenhum sonho é insignificante

Só porque está dentro de ti

Eles são as sementes mais férteis

Que conhecemos  

Por estar protegidas

Só temos que encontrar e trabalhar

Nas condições certas

Para que eles possam germinar

E se tornarem reais

Ao longo da vida 

 

Como te posso

Explicar 

De forma

Pura 

A verdade

 

Nunca duvides do teu valor

Quando o mundo lá fora

Te fizer sentir o contrário

O verdadeiro valor

Está na forma

Como entregamos amor

Às coisas que fazemos

E não duvidamos desse amor





A Leveza da ilusão contrasta com o peso da realidade

 




A sorte chega cedo

Para os desatentos

 

O azar estraga os fortes

 

Os desatentos são fracos

E não escapam

Dos estragos

Quando não trabalham

Para além da sorte

É o meu caso

Encho o estômago

Para compensar a tristeza

Fico triste

Por estar anafado

Deveria estar mais atento aos sinais

E não ter cometido um dos sete pecados mortais

 

Mais à frente

Sofremos a impiedade

Dos nossos atos

Não chegamos a tempo de amar

 Não fomos suficientemente rápidos

Para estar no local certo

Ter a porta aberta

Antes da hora certa

De entrar





quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

O retrato mais fiel

 








 

A cor desmaiou

Desvirginou o quadro

E espelhou

A realidade

Do que hoje sou

 

Uma flor que perdeu

A cor rosada

Do seu corpo

A virgindade da alma

 Sem ser tocada

 

Que nunca mais

Voltará

 A ser

Presente

Para o amante

 Para a namorada

 

Aquele brilho inocente

Chorado antes de um reflexo límpido

 Sem ser tocado

Pelo olhar de outro alguém

Tão esperado


terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Caminha(dor)

 







falta menos caminho

para o fim

do que regressar

ao início

 

quando assim é

só nos apetece

 ir de bicicleta

e não a pé

 

acabar com o martírio

de andar

sobre os espinhos em brasa

 

quero chegar a casa

e estar

com aqueles

que já chegaram

antes da hora

 

nestas andanças trilhadas

andeiros como eu

gostam de fazer balanços,

recordar feitos distintos

façanhas incomparáveis da alma

 

pouco tenho a dizer

do passado

para lá dos passos

gastos

 

nunca fui um grande amor

para ninguém

e os amores que tive

já se esqueceram de mim

de tão ruim

que foi

o afeto

aquinhoado

nos seus íntimos

 

o amor que dei

não tatua o tutano

de um único âmago

 

não semeou

um único coração

com pungentes

sentimentos

 

fui aquela água

que não matou a sede

não refrescou a carne

secou a floresta

ainda semente

 

por isso

olhar para trás é pecado

resta

continuar

a pisar o pisado

seguir o rasto

daqueles que passaram

 

afinal

o maior perigo

do caminho

é ficar parado

e recordar

sozinho

os passos

por dar




domingo, 4 de fevereiro de 2024

Trilhando as falésias

 










Trago-te o olhar

Descalço dos dias iguais  

Para aninhares

A vista ao âmago

Dos novos passos 

 

 

Pela tua saúde

Calça o coração

E vai embelezar-te

Nas veredas naturais

Dos lugares  

[Por pisar]

 

Lembra-te

 Até as árvores

[Que domem em pé]

Caem

 

É preciso o cuidado

Da raiz até à ponta dos cabelos

Da seiva até ao último galho dos teus ramos





sábado, 3 de fevereiro de 2024

Sou pardal-dos-telhados… príncipe nos teus ramos

 


Quando a cegonha

Imita a ave mais pequena

Na construção de sua casa

Enche a árvore

 

Quando a ave pequena

Copia a gigante ave

Se perde

Nos agasalhos 

Dos galhos

 

Assim és tu

Menina árvore

Ninho de um abraço

Sombra dos desabafos

Lugar mais bonito dos pássaros

E do meu coração despassarado