Morria sempre que acordava … tive que reaprender o gosto pelas
coisas pequenas, aprender a olhar os acordares do mar, os recados da natureza.
Aprender com as crianças como ser criança, o gosto de
brincar, os sorrisos desprendidos, a vontade de experimentar os saltos as
correrias na areia ou junto à piscina…o melhor da vida …
Durante 2 anos e meio, tive de costurar os pedaços
desfraldados da esperança…no coração amputado…
Até que surgi-o, um belo dia, 2 amigas, na ternura dos 40,
pediram-me ajuda com as suas malas, vinham passar férias junto à praia …
Assim foi, elas acharam graça as minhas perninhas de oliva
palito no masculino … chamavam-me o Olly…
Numa noite, fui sair com uns amigos irlandeses, encontrei
elas num pub … começamos a falar e no meio da conversa, a amiga nos deixou
sozinhos. Eu e a kathy ficámos a olhar-nos sem sabermos o que fazer, falámos,
ou melhor ela falava e eu escutava com o coração nos olhos …
No final dessa noite, ela pediu-me que acompanha-se até ao
seu apartamento, visto que a sua amiga, já estava noutras direcções assistidas…
Quando estava perto de chegarmos ao apartamento, enchi-me de
coragem, peguei-lhe na mão e convidei para ver o mar, ela aceitou meia surpreendida…
Assim foi, nos sentámos naquele areal, escutando o respirar húmido
do mar …e assistindo ao parto áureo do amanhecer …mas antes, ela adormeceu no
meu colo, olhando para mim com um céu empacotado de ternura …
E quanta intimidade ali se gerou, para mim foi como se tivesse
feito amor 300 vezes, beijado 500 vezes … fiquei ali a olhar, enquanto as
gaivotas se agrupavam, para cumprir o ritual de secar suas asas com os
primeiros raios de sol…
No outro dia, convidei para jantar, cozinhei para ela, fiz um
arroz de frango com salada…
Assim começou mais uma história de amor, eu tinha 21 anos
ela tinha 43, ela me ensinou a amar, de uma forma calma, serena existia uma
cumplicidade tão grande…que é difícil de explicar por palavras …
Durante uma semana, vivemos uma união perfeita, entre caricias,
passeios na praia, numa entrega inimaginável, na partilha igual, até hoje nunca
encontrei ninguém com tão grande afinidade, espiritual, intimamente profunda…
lembro-a com tanto carinho…
Depois das férias de amor, voltou à realidade do seu país,
da sua vida e não aguentou as saudades, tinha deixado o melhor de si comigo,
seu coração…
Passado um mês voltou, com mais tempo, para amar e ser feliz
como há muito não era …
Nos entregamos numa colmeia de mimos, numa partilha de espírito
em carne…
Ela ensinou me a suavidade dos gestos, o afecto dos olhos e da
pele … fazíamos amor como se tivéssemos a construir um céu novo …
Mas idade era demasiada, para certas pessoas que nos olhavam
com desdém, e nos condenavam… ela conheceu a minha família …
Acho que Deus por vezes, junta almas tão sofridas, tão parecidas,
para diminuir a dor e para dar esperança e um folgo renascido, para não
desistirmos do caminho dos sonhos…
A história deste amor, tinha os dias contados, por mais que
o seu amor por mim fosse estrondoso, o seu coração generoso obrigo-a a
soltar-me para ser feliz e construir uma família …