segunda-feira, 9 de junho de 2014

O exercício mais vantajoso para o músculo mais importante do corpo, é amar-te …

Deus não nos vê, como nós nos vemos uns aos outros, mas sim como repuxos de luz com sentimentos; aposto que à frente do seu olhar, tu és imensidão, brilhando sem parar…

Aposto que no teu peito existe um sol tão novo, com tanto para jorrar, que a solidão nocturna do meu silêncio se tornará dia nos teus braços, no momento em que seremos um, num só abraço …


Insisto em dizer-te que és nora de luz que conduz todo o meu sangue, todo o meu sempre, uma vez que o amor é a nascente…


quarta-feira, 28 de maio de 2014

Dois lados da lua, não podem sorrir ao mesmo tempo…






As palavras vestem a noite sem estrelas,
E a alma fica muda na sua oculta dança …
Até mesmo o sorriso,
Fica tremido e se desfaz no silêncio de um lugar ….
Lugar onde as lágrimas
Conservam a intimidade
Dos vazios,
Das metades
Dos olhares …

Mas vale apena, perguntar-te:
Quantas vezes as lágrimas se esconde nos bastidores dos sorrisos sem evaporar os  dilúvios de dor?
Quantas vezes o céu se ilumina mesmo chorando?
Quantas vezes o chão fica escurecendo e os sorrisos servem de apego aos caminhantes?

Talvez esteja errado, mas sinto que alma veste um sorriso, para receber os dias, para agradecer o sol … no entanto quando está só e se despe, fica o sal amontoado nos seus afluentes.
Ou então, transborda o mar, sem conjugar a saudade e os sentimentos … nos sossegos arenosos de uma ampulheta chamada amor …



terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Segundo amor...



Depois do primeiro amor ter acabado, a vida, os sonhos, a alegria, também …
Morria sempre que acordava … tive que reaprender o gosto pelas coisas pequenas, aprender a olhar os acordares do mar, os recados da natureza.

Aprender com as crianças como ser criança, o gosto de brincar, os sorrisos desprendidos, a vontade de experimentar os saltos as correrias na areia ou junto à piscina…o melhor da vida …

Durante 2 anos e meio, tive de costurar os pedaços desfraldados da esperança…no coração amputado…

Até que surgi-o, um belo dia, 2 amigas, na ternura dos 40, pediram-me ajuda com as suas malas, vinham passar férias junto à praia …  

Assim foi, elas acharam graça as minhas perninhas de oliva palito no masculino … chamavam-me o Olly…

Numa noite, fui sair com uns amigos irlandeses, encontrei elas num pub … começamos a falar e no meio da conversa, a amiga nos deixou sozinhos. Eu e a kathy ficámos a olhar-nos sem sabermos o que fazer, falámos, ou melhor ela falava e eu escutava com o coração nos olhos …

No final dessa noite, ela pediu-me que acompanha-se até ao seu apartamento, visto que a sua amiga, já estava noutras direcções assistidas…

Quando estava perto de chegarmos ao apartamento, enchi-me de coragem, peguei-lhe na mão e convidei para ver o mar, ela aceitou meia surpreendida…

Assim foi, nos sentámos naquele areal, escutando o respirar húmido do mar …e assistindo ao parto áureo do amanhecer …mas antes, ela adormeceu no meu colo, olhando para mim com um céu empacotado de ternura …
E quanta intimidade ali se gerou, para mim foi como se tivesse feito amor 300 vezes, beijado 500 vezes … fiquei ali a olhar, enquanto as gaivotas se agrupavam, para cumprir o ritual de secar suas asas com os primeiros raios de sol…

No outro dia, convidei para jantar, cozinhei para ela, fiz um arroz de frango com salada…
Assim começou mais uma história de amor, eu tinha 21 anos ela tinha 43, ela me ensinou a amar, de uma forma calma, serena existia uma cumplicidade tão grande…que é difícil de explicar por palavras …

Durante uma semana, vivemos uma união perfeita, entre caricias, passeios na praia, numa entrega inimaginável, na partilha igual, até hoje nunca encontrei ninguém com tão grande afinidade, espiritual, intimamente profunda… lembro-a com tanto carinho…

Depois das férias de amor, voltou à realidade do seu país, da sua vida e não aguentou as saudades, tinha deixado o melhor de si comigo, seu coração…

Passado um mês voltou, com mais tempo, para amar e ser feliz como há muito não era …

Nos entregamos numa colmeia de mimos, numa partilha de espírito em carne…

Ela ensinou me a suavidade dos gestos, o afecto dos olhos e da pele … fazíamos amor como se tivéssemos a construir um céu novo …

Mas idade era demasiada, para certas pessoas que nos olhavam com desdém, e nos condenavam… ela conheceu a minha família …

Acho que Deus por vezes, junta almas tão sofridas, tão parecidas, para diminuir a dor e para dar esperança e um folgo renascido, para não desistirmos do caminho dos sonhos…


A história deste amor, tinha os dias contados, por mais que o seu amor por mim fosse estrondoso, o seu coração generoso obrigo-a a soltar-me para ser feliz e construir uma família …

domingo, 5 de janeiro de 2014







Tudo começou no final de Agosto princípio de Setembro…

Eu era o rapaz da piscina, ela era uma menina de cabelo cenoura, de férias, no Algarve…

Nos conhecemos de forma particular, ela convidou-me para bebermos um copo no final da tarde…eu fiquei gago e abanei a cabeça, sempre tive medo das mulheres e então naquela altura, tremia que nem varas verdes quando me olhavam…

Assim foi, fomos beber um copo, ou melhor cinco, dez, só sei, que depois, fomos para a praia do olhos de água molhar os pés …
No outro dia, ela veio ter comigo, disse que tinha gostado e queria ver a praia de dia … foi nesse local, que nasceu o primeiro beijo e uma cordilheira de vulcões dentro do peito …

Naquela tarde … tudo mudou em nós… o pior, é que ela ia voltar para Irlanda no dia a seguir…
Nessa noite falamos, abraçamos a alma de cada um, até chegar ao ponto de ebulição, foi nesse momento, que ela chorando, me disse – não sou igual às outras, ainda sou virgem, quero fazer amor contigo mas não assim … eu abracei-a e lhe disse que também era …

Afinal éramos virgens do signo caranguejo … emocionalmente ricos, as lágrimas comprovaram isso durante todo tempo…

Na manhã seguinte, apanhou o autocarro até ao aeroporto, deixando a sua morada num papel, pedindo que lhe escrevesse … quando autocarro partiu, meu existir se partiu, as lágrimas entupiram no meio de soluços e imitei na perfeição, o céu de inverno repleto de nuvens gordas …

Meu Deus, se lhe escrevi, dia sim, dia não, sempre lhe mandava uma carta com o meu inglês alentejano romeno… e junto uma lembrança do coração…

Todos os dias ia ver a caixa do correio, se tinha correspondência, com entusiasmo e saudade, até que começamos-nos a telefonar … ela contou aos pais, religiosos e conservadores …  

Ao princípio, ficaram reticentes, mas não podiam ver a filha, a chorar, a amar, numa tristeza imensa …

Até que, um mês depois, me convidaram para passar o natal com eles …

Era a primeira vez que iria pássaro natal, longe dos meus pais e do meu irmão …

Mas foi o que aconteceu …

Durante três anos, centenas de cartas, uma dezena de viagens, muitas lágrimas, e sorrisos …saudades avulso, promessas de uma vida a dois… um amor que galgou as fronteiras…
Até que, na sua ultima vinda a Portugal, nas férias grandes de Agosto, resolveu explicar o que iríamos fazer …
Tínhamos decidido, que não iria-mos usar nenhum meio contraceptivo e se Deus quisesse, ela ficaria grávida e assim seria mais fácil ficarmos juntos para sempre e não teria de ir para a universidade em Dublin…
A verdade é que Deus não quis, ela não engravidou e foi se formar… ser arqueóloga, um sonho desde pequenina …
 Ainda resisti no sonho, no entanto a saudade não. Um dia, quando já não tinha chão e o céu me caia como inferno; resolvi rumar até a Irlanda para morar lá, com a esperança de a encontrar, uma tentativa desajeitada de não perder o seu amor, que se tinha tornado a única coisa importante no mundo… Acabei por a encontrar, mas a sua decisão já estava tomada… Seriam três anos de estudo e de concertação e nenhum amor poderia resistir …era demasiado desgastante, emocionalmente e financeiramente…

Voltei com as lágrimas pesadas, um abismo profundamente cheio, lembro -me estar no aeroporto tendo o corpo e a roupa encharcada de tanto chorar …
Assim acabou uma história de amor …o primeiro amor, descontrolado, autentico, sincero, inconsciente, repleto de ilusão, inquieto, trazendo a frescura do incerto, as mãos suadas em cada encontro, enfim, a intensidade imensurável de cada instante de afecto….


Espero que ela se tenha formado e que hoje, seja muito feliz; tendo uma família, um marido que ame tanto quanto a amei, que tenha filhos lindos … e se alguma vez se lembrar de mim, que seja com um sorriso…


quinta-feira, 2 de janeiro de 2014