Após decifrar o significado dos aplausos,
[a saudação precoce dos futuros regressos].
Reuni todas as ilusões,
E nenhuma delas
Era verdadeiramente minha...
Nem as imagens refletidas,
Nem os versos mais altos,
Nem as presenças ouvidas.
Nunca fui, nunca chegarei a ser...
Nunca poderia ser aquela menina
Com olhos das três estações
E da liberdade na voz,
Um milhão de vezes conquistada.
Sei bem o que fiz,
Arrombei o camarim da imaginação
Para esconder as dores, os amores da sua pele.
Vesti as barbas do Pai Natal,
O avental da criada,
As rugas maduras da senhora mais árvore.
Calcei a coragem do corredor,
Peguei no pincel do pintor
Para desenhar suas falas.
Adotei a rua
Do mendigo mais pobre.
Roubei as assinaturas mais belas
E torci suas linhas
Para disfarçar os nomes.
Estiquei as ondas
Para boiar nelas
As suas letras
Mais ditosas.
No final,
Dei a cara
Para chorar
Suas lágrimas...
Ela sou eu,
Eu,
Nunca poderia ser ela.
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